segunda-feira, 15 de setembro de 2014
IMAGENS
I
Imagens que se sucedem
Palavras como fundo
Palavras não são ditas
Palavras não são escutadas
Imagens controlam palavras.
II
Sonhos
Imagens de dezessete polegadas
Palavras em estéreo
Diálogo improvável
Respiro o suspiro
Trago o escarro
No fim do sono
Amanhece o comercial.
III
Negação do impossível
Impossibilidade do não
Neon fumaça rua
Fundo das palavras
Insights em imagens
Bobagens!
IV
Velocidade
( ZOOM )
Viu?
marco, 20.11.93
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Ora completo, ora vazio,
ora perplexo, ora vadio.
São tantos os modos, e tanto o desvio,
Que me descontrolo, e à mão não confio
Processos e normas, nem mesmo o pavio
Da bomba motora. O corpo esguio
Comporta o sonho, tecendo o fio
Do pano grosseiro, que veste macio
Meu corpo em segredo. Deságua no rio
O sonho profundo, o tempo tardio.
Navego as águas, tamanho é o navio,
Sem vela, sem remo, sem norte: fez-se o trio
Da sorte sem corte da fêmea no cio,
E o sexo reclama; por ele procrio,
Perpétuo destino, a vida recrio...
Marco, 18/09/2011
EM QUE VIAS...
I
Vias repletas de saudades,
Vias completas e vazias,
Vias, à noite, a lua nascente,
Vias, mas não sabias
Que o medo colore o desejo
Com matizes proibidas...
Vias, vielas, guias,
Caminhos que se concluem,
Olhares vazios e escassos...
Vias que o sofrimento
É uma via?
Havia o olhar que via,
E previa feito guia o trajeto,
Destinos trafegantes e incertos,
Vozes sem timbre,
Atos indeléveis,
Imagens inacabadas de sonhos impensados...
II
O oco da boca,
O toco, a toca,
O foco, a foca,
O troco, a troca.
A intenção que pretende explicar
Aquilo que se esconde.
A invenção que pretende superar
Aquilo que não se responde.
III
Existir,
Independente de portar, ter, haver.
Ser e estar no mundo,
Com o mundo,
Para o mundo,
Este corpo etéreo e profundo,
Conexo, anexo, perplexo,
Reflexo das imagens recriadas pelo instinto
Motor e móvel do desejo inerente
Ao próprio movimento gratuito.
Desistir,
Incontinente
Displicente
Indecente
Formalmente.
Apenas abrir mão do imaginário
Que, previamente estabelecido como totalidade,
Não se presta aos processos construtivos de ser.
IV
Eis a jornada por cumprir,
A que não escolhi e tampouco esquecerei,
E eu, que via a via que havia,
Corrompi meus passos,
Confundi meus espaços,
Concentrei em meus braços,
Abracei-me em abraços,.
E nesses ninhos,
Meu semblante sorriu incontinente,
E o corpo contínuo de minha gente
Vibrou,
Dormiu,
Amou,
Sentiu,
Chorou,
Ruiu,
Calou...
Depois, refletidamente,
Esqueci de meu desejo mais profundo,
Assumindo a humana idade
Da humanidade anacrônica...
Marco, 18/09/2011
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