quarta-feira, 20 de agosto de 2014

HAI KAI

Eis-me acordado: Meu sono tardio Meu sonho adiado. Marco, 18/09/2011
Eis-me acordado:
Meu sono tardio,
Meu sonho adiado.

Marco, 18/09/2011
Ora completo, ora vazio, ora perplexo, ora vadio. São tantos os modos, e tanto o desvio, Que me descontrolo, e à mão não confio Processos e normas, nem mesmo o pavio Da bomba motora. O corpo esguio Comporta o sonho, tecendo o fio Do pano grosseiro, que veste macio Meu corpo em segredo. Deságua no rio O sonho profundo, o tempo tardio. Navego as águas, tamanho é o navio, Sem vela, sem remo, sem norte: fez-se o trio Da sorte sem corte da fêmea no cio, E o sexo reclama; por ele procrio, Perpétuo destino, a vida recrio... Marco, 18/09/2011
EM QUE VIAS... I Vias repletas de saudades, Vias completas e vazias, Vias, à noite, a lua nascente, Vias, mas não sabias Que o medo colore o desejo Com matizes proibidas... Vias, vielas, guias, Caminhos que se concluem, Olhares vazios e escassos... Vias que o sofrimento É uma via? Havia o olhar que via, E previa feito guia o trajeto, Destinos trafegantes e incertos, Vozes sem timbre, Atos indeléveis, Imagens inacabadas de sonhos impensados... II O oco da boca, O toco, a toca, O foco, a foca, O troco, a troca. A intenção que pretende explicar Aquilo que se esconde. A invenção que pretende superar Aquilo que não se responde. III Existir, Independente de portar, ter, haver. Ser e estar no mundo, Com o mundo, Para o mundo, Este corpo etéreo e profundo, Conexo, anexo, perplexo, Reflexo das imagens recriadas pelo instinto Motor e móvel do desejo inerente Ao próprio movimento gratuito. Desistir, Incontinente Displicente Indecente Formalmente. Apenas abrir mão do imaginário Que, previamente estabelecido como totalidade, Não se presta aos processos construtivos de ser. IV Eis a jornada por cumprir, A que não escolhi e tampouco esquecerei, E eu, que via a via que havia, Corrompi meus passos, Confundi meus espaços, Concentrei em meus braços, Abracei-me em abraços,. E nesses ninhos, Meu semblante sorriu incontinente, E o corpo contínuo de minha gente Vibrou, Dormiu, Amou, Sentiu, Chorou, Ruiu, Calou... Depois, refletidamente, Esqueci de meu desejo mais profundo, Assumindo a humana idade Da humanidade anacrônica... Marco, 18/09/2011