quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ESTÁVAMOS ASSIM

Estávamos assim, parados,
obras aos pedaços,
vítimas do tempo:
memória relâmpago,
olhar chuvoso.

No ar, a transparência
de quem acaba de nascer.
O pulso,
esfacelado e sem calor.
Idéias perambulavam pela mente,
num itinerário absurdo do desejo.

Estávamos assim
e assim permanecemos longamente,
feito sementes,
distantes...

marco, 11.12.92.

ONDE

A pálpebra quebra-
da.
Horizonte infinito
sem sol.
Como num filme
quadro
a
quadro
As imagens congeladas
gélidas
angelicais
mudas.
Iceberg de sonhos,
ou f u m a ç a de cig a r r o
sem filtro.
Esqueço.
E tudo não passa de tudo.
Olho pro lado
ONDE?
Olho pro olho que olha
lágrimas s
u
s
p e
n
s
a
s num a
b
i
s
m
o
Espelho.

Marco, 15 de fevereiro de 92

BEIJO

Beijo
e já não sei mais
de teu valor.
Antes, soubera,
(na espera...)
o teu sabor!

marco, 14 de abril de 93

O POETA ARIANO SUASSUNA

Suassuna,
assuma
sua sina.
Suada palavra sua,
surdo é o eco
de sua sombra.
Ariano,
de março ou abril,
sua seca sobra.
Braço que compõe salmos.
Sorte,
tuas palavras sopraram-me
os ouvidos:
(suassuuuuuuna ... ssssss)

Assunto sério:
sou só,
e só sou
se só.

Alto,
seu auto compadece.
Soa sua saliva
nas imagens sem espelho,
nas miragens sem conselho,
nos sonetos suassunos
(de serpente ... sssssss....)

marco 16.12.93