A NOITE ANUNCIADA
Os olhos percorrem
uma órbita sem sentido.
Estrelas prematuras,
distantes,
disputam com o sol
o interesse lunático,
a inspiração do poeta,
as ondas do mar.
Lâmpadas neon
reforçando os contornos negro-azulados.
Postes iluminados,
orientando percursos secretos.
O vermelho dos semáforos
é mais vivo,
trespassando os pára-brisas.
Na cidade
tudo já é brilho.
Sua alma transparece
nos edifícios apagados,
nos ônibus lotados.
A noite anunciada
predomina nos corações
dos anjos e dos demônios,
e também daqueles ímpios.
A noite anunciada
penetra,
corrompe,
descarta seus habitantes
da ilusão de um sono tranqüilo.
Consome-se na certeza
do próprio descanso,
antes que o sol lhe convença.
marco, 06.07.96
sábado, 8 de maio de 2010
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